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6/27/09

Moçambique autorizado a matar mais elefantes!

Lamento transcrever, mesmo perante o júbilo macabro do ministro moçambicano da agricultura e demais defensores da chacina dos animais da selva:

A Convenção Internacional sobre o Comércio de Espécies em Perigo de Extinção (CITES), acaba de autorizar Moçambique a aumentar de 40 para 60 o número de elefantes a abater anualmente, por estes paquidermes estarem a criar mais problemas às comunidades rurais no país.

Reagindo o facto, o ministro moçambicano da Agricultura, Soares Nhaca, enalteceu o gesto, considerando ser uma medida fundamental nos esforços do Governo para minimizar o conflito homem-animal. Para aquele governante, que falava recentemente à AIM, em Maputo, “esta decisão da CITES é fundamental porque vai reforçar a nossa capacidade de aquisição de armamento para o abate de animais problemáticos, entre os quais os elefantes”, que semeiam a morte junto das comunidades, um pouco por todo o país.

Nhaca afirmou ainda que a decisão de aumentar para 60 o número de elefantes a abater por ano, comunicada recentemente ao Governo de Moçambique por responsáveis ligados à referida convenção, “vai-nos permitir colocar esses animais no mercado de forma mais valorizada, porque, por um lado, será um abate autorizado, e, por outro, os troféus serão legalmente exportados.

“A decisão fará também com que aumentemos a capacidade do Governo de treinar fiscais para os diferentes parques e reservas de animais bravios do país, para além de permitir uma maior eficiência no licenciamento de empresas sobretudo para o negócio de crocodilos”, realçou o titular da pasta de Agricultura.

Soares Nhaca prestou estas declarações numa altura em que as autoridades moçambicanas estão a levar a cabo um conjunto de medidas destinadas a mitigar o conflito homem-animal, que, no entanto, ainda não produziram resultados concretos. Uma das medidas adoptadas para minimizar este conflito, “que é uma das preocupações que não nos deixam apanhar sono, foi a de procurar fazer a vedação nos principais corredores dos animais”, trabalho a ser feito em coordenação com outras instituições governamentais, entre as quais o Ministério do Turismo.

O Governo diz que os animais mais visíveis que têm criado mais problemas são os elefantes, que têm uma memória de centenas de anos, ou seja, que vai de geração em geração, explicando que quando há um circuito, os elefantes permanecem nesse circuito, “e se houver desvio, eles desviam, mas passado algum tempo, eles voltam lá”.

Entretanto, o ministro do Turismo, Fernando Sumbana, em contacto com a AIM, confirmou haver esse trabalho coordenado, afirmando que na Reserva Especial de Maputo está já em curso o trabalho de construção de uma vedação ao longo do corredor dos elefantes, esperando-se que o mesmo seja concluído ainda este ano.

“Não teremos a situação do conflito homem-animal estancada, porque se construímos vedação num sítio, há uma maior pressão de animais noutro local, porque há mais animais a desviar para um determinado circuito, visto que estes se espalhavam quando a vedação não existia”, explicou Sumbana.

Outro local de grande incidência de conflito homem-fauna bravia é o Parque Nacional das Quirimbas, na província nortenha de Cabo Delgado, criado em 2002, numa zona com muitos animais. O parque foi criado tendo como um dos seus principais objectivos estabelecer um mecanismo que permita mitigar o conflito homem-animal, “e o que nós estamos a fazer agora é procurar construir uma vedação nos circuitos dos animais e abrir machambas em bloco”.
Por outro lado, foram treinados caçadores comunitários para a protecção das populações, não só ao longo da zona do parque, mas também ao nível de todos os distritos da província de Cabo Delgado. Refira-se que, recentemente, o Ministério da Agricultura promoveu, em Inhambane, sul do país, um encontro sobre o conflito homem-animal, e, brevemente, vai submeter uma estratégia ao Governo, “para sermos mais agressivos nos esforços para mitigar o conflito homem-animal”.

Entre outros aspectos, a estratégia preconiza que é preciso confinar os animais ao parque e procurar vedar todos os locais sensíveis. Em Moçambique, um dos animais que mais matam é o crocodilo, que vive no rio, sendo que a estratégia define que deve haver zonas devidamente vedadas, onde as populações possam ir tirar água sem correr riscos. A referida estratégia prevê ainda que sejam feitos abates selectivos.

Presentemente, está em curso o trabalho de recolha de ovos dos crocodilos. O resultado ainda não é satisfatório, mas a perspectiva é, por um lado recolher os ovos e fazer abates selectivos, e, por outro, vedar os sítios mais sensíveis, de modo a que as populações não corram riscos.
- @Verdade de 27/06/09.

  • Alguns post's deste blogue sobre a chacina dos elefantes e animais da selva em Moçambique e África - Aqui!
  • A chacina dos elefantes em Moçambique/África e o conflito "animal/homem" pesquisado no Google, Aqui!

5/19/09

"Passando" por Meluco anotei...

O POVO NÃO QUER SABER DE CAMPANHA ELEITORAL E RECLAMA:

Infra-estruturas sociais afectam população de Meluco - A melhoria e expansão de infra-estruturas sociais e económicas são parte das principais preocupações apresentadas, último domingo, pela população do distrito de Meluco, ao estadista moçambicano, Armando Guebuza, no terceiro dia da sua “Presidência Aberta e Inclusiva” à província de Cabo Delgado, norte de Moçambique. Localizado a cerca de 200 quilómetros da capital, Pemba, o distrito de Meluco possui uma população estimada em 25 mil habitantes, segundo os resultados do censo populacional de 2007.

Os residentes de Meluco também deploram o elevado número de crianças órfãs, bem como reivindicam o acesso aos serviços de telefonia móvel, expansão da rede sanitária, escolas, melhoria das vias de acesso, entre outras.

À semelhança da maioria dos distritos da província de Cabo Delgado, os residentes de Meluco também exigem uma solução para o problema dos elefantes, que continuam a destruir as suas culturas.

Em resposta às preocupações apresentadas pela população, Guebuza disse ter tomado nota das questões levantadas.

Na ocasião, o estadista moçambicano, que falava num comício popular, não deixou de manifestar a sua preocupação pelo facto de a população não ter abordado o desempenho do Conselho Consultivo Distrital com relação à gestão do Fundo de Investimento de Iniciativas Locais (FIIL), vulgo Sete Milhões (cerca de 265 mil dólares), instituído pelo Governo, em 2006, para acelerar o combate à pobreza.

Também não era caso para menos, pois os critérios usados na atribuição deste fundo têm sido alvo de fortes críticas na maior parte dos 128 distritos moçambicanos.

A população também pecou por não ter apresentado nenhuma proposta de aproveitamento dos recursos existentes naquela região.

Com relação às infra-estruturas, Guebuza disse que já existe um fundo, faltando apenas uma decisão do Conselho Consultivo para a sua aplicação.

“Nós teremos uma oportunidade de nos reunir com o Conselho Consultivo, e nessa reunião vamos aprofundar estas questões”, disse Guebuza.

Contudo, ele advertiu que alguns dos problemas podem ter uma solução local, e que podem ser resolvidos paulatinamente.

Com relação ao problema do conflito “Homem-Animais Bravios”, Guebuza explicou que o Governo já criou um comité ministerial para ajudar a resolver o problema.

No caso da melhoria das vias de acesso, esta reivindicação não constitui surpresa, segundo confirma o informe do governador da província, Eliseu Machava, relativo ao ano de 2008.

Este documento refere que, neste período, foram disponibilizados para o sector de estradas em Cabo Delgado 16 milhões de meticais, o correspondente a um milhão de meticais para cada distrito desta província. Contudo, a execução foi de apenas 55 por cento, ou seja, 8,7 milhões de meticais.

Como argumento, Machava alega fraca capacidade dos empreiteiros locais para iniciar as obras adjudicadas com fundos próprios.

No mesmo período, segundo Machava, foi realizada a manutenção de rotina em 1.300 quilómetros de estrada, correspondente a 89 por cento de realização.

Entre as razões para o incumprimento da meta constam a “falta de concorrentes para alguns troços, abandono das obras e fraco desempenho dos empreiteiros derivado da falta de equipamentos e recursos financeiros”.

PR ATENTO AO PETRÓLEO - Na manhã de Domingo, mas no distrito de Palma, Guebuza visitou as instalações da Anadarko, uma multinacional norte-americana do ramo de petróleo, para se inteirar sobre os progressos registados na pesquisa de hidrocarbonetos na Bacia do Rio Rovuma, iniciada em 2007.

Segundo a Anadarko, já foram concluídos estudos sísmicos, faltando apenas o início da perfuração.

Para o efeito, serão “perfurados sete poços, sendo quatro em águas profundas, ou seja, a uma profundidade superior a 200 metros, dos quais dois deverão ser localizados antes do final do segundo trimestre do corrente ano”, refere um documento desta multinacional, a cuja cópia a AIM teve acesso.

Os restantes três poços serão perfurados em águas superficiais, a uma profundidade inferior a 200 metros.

Estimativas da Anadarko apontam para um investimento mínimo de 268 milhões de dólares.
Este projecto deverá estar concluído em 2012. A Anadarko espera ter uma resposta conclusiva sobre a existência ou não de petróleo na área adjudicada.

Entre os principais desafios que a Anadarko enfrenta na pesquisa de petróleo, destacam-se a falta de uma base de fornecimento de óleo e combustível num raio de 800 quilómetros, construção de uma base de fornecimento em Pemba para apoiar as operações de perfuração e os elevados custos operacionais, calculados em cerca de um milhão de dólares por dia durante a perfuração.

Paralelamente, como parte integrante dos seus projectos de responsabilidade social, a Anadarko está a investir anualmente, em Moçambique, 1,1 milhão de dólares na reabilitação dos sistemas de abastecimento de água e expansão da cobertura da Rádio Moçambique (emissora pública) nos distritos de Palma, Mocímboa da Praia e Macomia; reabilitação do Centro Comunitário em Palma, abertura de 10 poços de água para as aldeias rurais e vedação do Parque Nacional das Quirimbas. - Elias Samo Gudo-AIM, Maputo, Terça-Feira, 19 de Maio de 2009:: Notícias.

10/13/08

Ecos da imprensa moçambicana: A vizinha África do Sul pode autorizar prática de prostituição durante a Copa de Futebol de 2010...

Algo vai mal na vizinha Républica da África do Sul. Ou parte da sociedade local anda tomando sol em excesso na testa, o que a impede de raciocinar com lucidez e acompanhar a evolução dos tempos.

Em Março divulgamos aqui a legalização pura e simples, nesse país africano que parece marchar na contra-mão do progresso social, da chacina dos elefantes. Agora e pelo que leio no moçambicano "Diário do País" de hoje, "uma lei autorizando a prática da prostituição durante a copa mundial de futebol de 2010 poderá ser aprovada na vizinha África do Sul, como forma de atrair um maior número de turistas estrangeiros para assistir ao campeonato".

Aqui fica o texto na íntegra:

"Segundo Inácio Mussanhane, advogado que está por detrás do desmantelamento de uma rede de tráfico de crianças para a prostituição envolvendo moçambicanos, a oficialização da prostituição está a ser defendida por vários segmentos da sociedade civil sul africana que vêm na lei a possibilidade daquele país registar um maior número de turistas estrangeiros.

Mussanhane disse que, a prostituição está a ganhar terreno, envolvendo, particularmente a camada infantil da sociedade, ajuntando que, mensalmente, mais de 200 crianças são aliciadas e importadas para Ásia com objectivo de serem exploradas sexualmente pela indústria do sexo em várias partes do mundo.

Outro fenómeno ligado ao tráfico abordado por Mussanhane está ligado a extracção de órgãos humanos para fins de obscurantismo, acrescentando que as autoridades governamentais dos países onde se registam maiores casos daquelas práticas têm conhecimentos do fenómeno, sendo por isso estranho que levem tantos anos para aprovar leis para punir os infractores.

Aquele advogado disse não ser verdade que Moçambique lidere a lista dos países da África Austral no crime de tráfico de seres humanos para prostituição no mundo, dizendo que tais informações não correspondem a realidade, pois há várias pessoas de outros países envolvidos no crime, ajuntando que Moçambique trabalha com seriedade na luta contra o fenómeno e é um dos países que inclusivamente tem um dispositivo legal de prevenção e combate ao tráfico de pessoas.

Respondendo sobre a sensibilidade do governo sul-africano acerca do tráfico depois que despoletou o caso Diana, Mussanhane disse que, o assunto está a ser tomado a sério, esperando-se que até ao fim do presente ano se aprove uma lei contra o tráfico de pessoas."
- Bernardo Mbembele, 13/10/08, Diário do País - Maputo.

Absurdo mas real em tempos onde padrões de comportamento ético se vão perdendo e nos apresentam sociedades em decadência. E não só em África já que a prostituição, considerada a profissão mais antiga do globo terrestre, se apresenta às claras e prolifera em sua moderna e lucrativa faceta denominada de "turismo sexual" em outros países diversos e conhecidos, muitas vezes com impunidade quase plena, tendo como maiores vítimas as(os) próprias(os) "profissionais do sexo"!

9/06/08

Os elefantes africanos...

Relembrando que os elefantes, animais inteligentes da floresta africana e não só, ao longo da história do mundo foram utilizados pelo homem para várias funções, como transporte, entretenimento e guerra, são actualmente, em todas as suas espécies, considerados animais em perigo de extinção, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (UICN) tendo como causa principal a caça ilegal e o abate indescriminado quando se tornam violentos e atacam as populações próximas, ao perderem seu habitat invadido pelo ser humano.
A caça aos elefantes, causada principalmente pelo cobiçado marfim de suas presas é normalmente ilegal em quase todos os países africanos e o mundo, gradualmente, vem rejeitando o comércio desse material utilizado em jóias, etç.
Diversos jornalistas e defensores da natureza se têm dedicado ao assunto e á defesa da vida destes seres da floresta, denunciando, estudando, retratando e descrevendo para o mundo como pode ser pacífica a convivência com os mesmos. Transcrevo, como exemplo e alerta para entidades moçambicanas mais radicais ou extremistas no trato com estes animais:
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"Em uma clareira remota na República Central africana, a bióloga Andrea Turkalo observa a vida de animais ameaçados de extinção".
'Já foi dito que, na África, as comunidades humanas eram como ilhas rodeadas de elefantes', lembra Andrea Turkalo, da Wildlife Conservation Society. "Hoje, acontece exatamente o oposto." Ela sabe do que está falando: seu estudo pioneiro sobre os elefantes da floresta é conduzido em Dzanga Bai, uma clareira remota de 12 hectares que se localiza dentro de uma dessas grandes ilhas no continente um aglomerado de floresta tropical que resta no centro da África. Quando Turkalo chegou aqui, há quase uma década, pouco se sabia sobre o Loxodonta africana cyclotis, o primo do elefante comum que é menor e habita a savana e representa talvez um terço dos 600 mil elefantes que ainda existem na África. Como se espalham por áreas extensas no meio da floresta de vegetação densa, esses elefantes são extraordinariamente difíceis de estudar. Durante anos, pesquisadores se consideravam pessoas de sorte quando conseguiam avistar um único elefante da floresta, quem dirá ser capaz de observar um deles, e baseavam suas conclusões limitadas em evidências indiretas como fezes ou trilhas que levavam aos alimentos. Então Turkalo montou acampamento em Dzanga Bai, no parque nacional de Dzanga-Ndoki, onde os elefantes se juntam para beber água e escavar minerais do solo. Hoje ela trabalha em uma plataforma nas árvores e observa meticulosamente cada elefante que visita o local, anotando características físicas para estabelecer identidades individuais, então parte desses dados para estudar históricos de vida, estrutura familiar e padrões de comportamento em grupo. Equipada com repelente de insetos e uma espécie de telescópio, Turkalo passa a maior parte das tardes em sua plataforma, "desvendando as complexidades da vida dos elefantes da floresta".
- Matéria publicada originalmente na edição de fevereiro de 1999 da National Geographic.
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Elefantes de Samburu - Uma história de amor na África: Video-reportagem com imagens sensacionais que retrata os bastidores dos seis meses de trabalho do jornalista Michael Nichols na África - aqui!
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8/28/08

Ronda pela net: Um pouco de prosa virtual - Seis meses em Cabo Delgado descritos por missionária brasileira.

Vida sofrida em Moçambique.
Moçambique. Seis meses já se passaram desde que cheguei aqui em Moçambique. Quem diria que o tempo passaria tão depressa. Recordo-me de estar fazendo as malas cheias de repelente, mosquiteiro e outras coisas partindo em direção ao desconhecido. Muita coisa aconteceu, momentos felizes, tristes e até engraçados. Vou embora com a consciência de que realmente fiz um bom trabalho aqui.
Foram seis meses de muito aprendizado, de alegrias e frustrações, de dias pesados e turbulentos, calmos e serenos. Confesso que a idéia de ir embora daqui é um tanto assustadora. Foram seis meses vivendo no meio do mato, sem muito acesso a outros lugares a não ser o mato atrás da casa. Primeiro tenho que respirar fundo para tentar resumir o que foram estes meses na minha querida e especial Bilibiza.
Para nos situarmos nesta história, estamos em uma Escola de Professores do Futuro, onde os estudantes são treinados para serem professores em escolas primárias de Mocambique. A escola localiza-se na província de Cabo Delgado, no extremo norte de Mocambique. A aldeia é Bilibiza, digamos que é um pontinho esquecido por Deus, no meio do mato, onde a energia ainda vai demorar algumas décadas para chegar, e está localizada dentro do Parque Nacional das Quirimbas. A escola e nossa moradia ficam a cerca de 25 minutos a pé da aldeia. E posso dizer que a escola é único movimento que pode existir em Bilibiza diariamente. A aldeia tem em torno de quatro mil habitantes, uma das mais pobres da região.
Estou indo embora muito feliz com o trabalho que consegui realizar em Bilibiza. Rapidamente na primeira semana já começamos a trabalhar. Iniciei com aulas de música, sociologia, inglês e ciências. Sempre tentava apresentar os assuntos de uma maneira em que eles pudessem aplicar isto com as crianças também, quando fossem para as práticas. O nível de conhecimento dos alunos que para cá vêm é baixo.
No mesmo tempo estava a dar aulas na Escola Primaria de Montepuez, na aldeia. Tive duas turmas e seis classes. Uma tinha em torno de 55 alunos e outra 63 alunos, com idades entre 10 e 30 anos, e distribuídos em duas salas com apenas algumas mesas e cadeiras. Os resultados foram positivos, não digo que isto se deva principalmente a mim, mas ao interesse deles em aprender. Parecia que a fome não era mais de comida, mas de conhecimento.
O nível escolar é muito baixo. Nem todos os alunos disponibilizam de livro didático, sendo que o meu recurso foi elaborar a aula pelos meus próprios conhecimentos. Lembro-me do primeiro dia que entrei na sala. Mais ou menos 60 sorrisos para você, mas logo de início já apresentei meu nome e disse que a partir daquele momento eu seria Jucyara.
Sentirei muitas saudades deles, pois aprendi a cada segundo estando juntos com eles. Sobre a cultura, hábitos e modos de pensar, sobre como professor e alunos podem ser tão amigos e não perder o respeito, mesmo eu sendo mais nova que todos eles. Estarão sempre em meu coração.
Enfim, o tempo acabou. Feliz de ir? Sim, porque tenho certeza de ter realizado um bom trabalho. Saudades? Com certeza. Para sempre ficarão em minha mente, rostos sofridos, mas com sinal de um dia melhor. Permanecem em minha mente os dias de caminhadas para a aldeia, passando por crianças a gritar meu nome, passar pelo costureiro e dizer “salama”, ou pela Barraca do Mussa ou da Mama Sifa e tomar um refresco gelado.
Agradeço aos professores que nunca hesitaram em nos ajudar em qualquer situação, agradeço às “chapas” por nos levarem a destinos tão desconhecidos, aos elefantes que se fizeram presentes em um dia de viagem, aos macacos por tentarem roubar a comida perto de casa e ao leão que somente rugiu no mato atrás da casa e não chegou mais perto. Agradeço principalmente aos estudantes, pois sem eles não estaríamos aqui e não conseguiríamos fazer um bom trabalho. E acabo deixando uma frase que um estudante disse ter se inspirado em mim para escrever: “Quanto mais conhecimento eu adquiro, mais eu quero”. Parto feliz esperando que a vida destas pessoas realmente possa ser mais digna um dia!
-Juciara Prado *Especial para o Diário do Nordeste de Fortaleza-Brasil.
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Acrescento: Obrigado Juciara. Não em meu nome ou em nome dos que, sob o cómodo viver das cidades urbanas onde já chega algum progresso ou modernização, nem se aperceberam de seu trabalho, sacrifício e dedicação. Mas sim em nome do povo, aquele povo macua carente que, lá pelo mato esquecido, belo, selvagem de Bilibiza, Montepuez, Cabo Delgado e Moçambique recebeu sua Amizade, seus ensinamentos, seu sorriso bem ao jeito caloroso e brasileiro que atravessou o oceano e aportou no interior quase virgem de um Moçambique rico para uns poucos e pobre para uma imensa maioria desprotegida de tudo... Povo que, certamente, por si sente saudades já, sem saber como as manifestar! Nem como agradecer!

7/08/08

Luz e esperança no horizonte dos desfavorecidos - Os milagres do microcrédito no norte de Moçambique. - II

(Clique na imagem para ampliar. Imagem original daqui.)
...continuação:
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Quando chegou, Rahim Bangy começou por ir aos mercados, conhecer a cidade, falar com as pessoas. Uma prática que mantém: de 15 em 15 dias, das sete da manhã até ao anoitecer, procura passear pelos mercados, conversar com pessoas, visitar mutuários.
O programa não se auto-financia na totalidade. O que falta vem de uma organização norueguesa e do Imamato Ismaili, a instituição assente na autoridade do Aga Khan. A agência para o microcrédito é apenas uma das que fazem parte da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento, que agrupa organismos de âmbito económico, desenvolvimento social e cultura, para áreas tão diferentes como turismo, indústria, finanças, ensino, microcrédito, cidades históricas.
Rahim Bangy entusiasma-se com os resultados do programa nas vidas das pessoas.
"Já estive no meio do mato, em sítios em que as pessoas ainda se cobrem com folhas. Nunca viram o mar, mas já ouviram falar do microcrédito. Queremos agora introduzir o financiamento a associações e grupos, porque o impacto será maior."
Está já em marcha o próximo projecto: transformar o programa num Microbanco Rural.
"As pessoas enterram o dinheiro, às vezes encontram-se sacos com dinheiro ou jóias. Há necessidade de a população poder guardar as poupanças."
Até ao final deste ano, o processo legal deverá estar terminado, para que em 2009 o banco possa começar a operar.
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20 filhos.
As placas do programa de microcrédito estão já presentes em muitos locais de Pemba. Faqui Saide Ali está entre pneus, jantes, velas, câmaras de ar. Pediu apoio em Fevereiro de 2007 para montar uma barraca de venda de peças de veículos. "Correu bem mesmo, estou a gostar, comprei uma casa." Falta um mês para acabar de pagar os 10 mil meticais.
"No bairro de Ingonane, Jamal Mbamela, 58 anos, tem uma mercearia com café. Teve 20 filhos de duas mulheres, morreram dois. Não consegue sustentar toda a gente: "Esta vida dá pouco." Mas os 50 mil meticais que pediu em 2004 permitiram melhorar as contas. O filho Abdul, 18 anos, a estudar contabilidade, é um dos que o ajuda.
O café de Lurdes Loureiro, 48 anos, à beira da praia do Wimbe, inovou com os combos - hambúrgueres com batata frita e refresco. E melhorou a vida dela e dos dois filhos que ainda vivem com ela.
Um juro de dois por cento ao mês, uma taxa de incumprimento residual.
Rahim Bangy pretende que tudo seja transparente com os beneficiários. Mas não quer ficar pela relação económica. O microcrédito prevê acções paralelas sobre a sida ou a malária. As mulheres são um alvo importante para o financiamento. São 20 por cento dos beneficiários, mas a meta é pelo menos 30 por cento.
"As noções de saúde e higiene passam melhor através das mulheres."
Esta será uma mensagem repetida pelos responsáveis dos projectos na ilha do Ibo ou na aldeia de Bilibiza, mas já lá chegaremos. "São mais cuidadosas com o próprio dinheiro, porque sabem que têm que alimentar os filhos.
"Até ao final deste ano, Rahim Bangy quer ter pronta um espaço, por detrás do escritório do programa, dedicado a passar a mensagem:
"Nos dias de reembolso, enquanto os mutuários esperam, queremos ter pessoas a falar de sida, malária, amamentação. Assim, ouvirão a mensagem e irão levando essas ideias para suas casas."
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O caderno de João Baptista.
Pode um homem conter toda a história de uma ilha?
João Baptista "tem tudo aí", num caderno escrito com caligrafia aprendida na escola primária. "Ibo é Ilha Bem Organizada", começa o "era uma vez" desta terra no meio do Índico.
Árabes à procura de escravos, depois os portugueses e as especiarias, aportaram ao Ibo.
Hoje, a ilha tem 8700 habitantes, vivendo sobretudo da pesca. Porventura atraídos pela magia do Índico, que neste arquipélago das Quirimbas se pinta de vários tons de azul e verde. Na rua principal da vila, ainda se adivinha a traça colonial das casas, mesmo com décadas de degradação e esquecimento."
Ibo foi governo da província, quando Porto Amélia, hoje Pemba, era simples aldeia.
Era ali o palácio onde está a pensão; tivemos aqui o Banco Nacional Ultramarino, cadeia civil, a fábrica de sabão de Filipe e António Veríssimo, uma fábrica de fósforo, jornais. Foi sítio importante", regista o caderno.
Por João Baptista, cachecol da selecção portuguesa de futebol ao pescoço, passaram duas mulheres (a primeira morreu), doze filhos e 42 administradores coloniais.
"Eu estava no gabinete deles, aproveitava para apontar isto. Eu é que sabia tudo, eu era daqui." Hoje, João Baptista diz que o Aga Khan é que está "a ajudar muito a ilha". O ano passado conheceu-o, quando o líder dos muçulmanos ismailis visitou a ilha.
Elsa Rodolfo, administradora da ilha, confirma a "diferença palpável", desde que as instituições do Aga Khan estão no Ibo: "Anos atrás havia focos de fome, agora já não." Os miúdos já vão à escola - mesmo as raparigas, o que não acontecia antes por uma questão cultural. "Agora, vêem que a mulher pode estudar e ter emprego: já há uma administradora, uma directora de educação..."
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Moedas com 100 anos.
O desejo de Rahim Bangy, de alargar o apoio a grupos e associações, tem também já experiências na ilha do Ibo. A Associação dos Viveiristas do Ibo, presidida por Vita Tuaibo, máquina fotográfica a tiracolo, é uma das beneficiárias.
Criada em 2006, com 19 membros (nove são mulheres), a associação teve um empréstimo de 80 mil meticais (quase 2300 euros).
Alface, couve, batata doce, tomate, laranjeiras, cajueiros crescem numa machamba de 800 metros quadrados. Construir o escritório, usando uma técnica tradicional para a argamassa, é a tarefa imediata. Jason Morenikeji, de ascendência anglo-nigeriana, explica que a forma de construção do telhado permite aproveitar a água da chuva para sistemas de irrigação e canalização.
Ourivesaria Moderna é o nome de uma associação de artesãos. As mãos encurtam-se para pegar nas finas pontas de prata, trabalhando a filigrana com pequenas espátulas, alicates, fios e arames. É uma arte tradicional que vem do tempo dos árabes, explica Susan Esteves, responsável pela ligação com as associações locais. Brincos, colares, pulseiras, anéis que nascem da criatividade de Sufo Sufo, 52 anos, e dos restantes 13 membros da associação (quatro são mulheres). Rendilhados, entrelaçados, floreados vendidos a turistas de passagem, com preços variados, consoante a origem do metal: moedas antigas fundidas ou prata pura.
Na Associação Fortaleza, onde se faz um trabalho semelhante, os 25 artesãos mostram algumas das moedas. Ali estão as efígies do rei D. Carlos ou da República, datadas de 1891, 1899, 1915...
O trabalho das duas associações já permitiu sucessos pessoais. Manlide Amade, da Associação Fortaleza, diz que o artesanato em prata possibilitou construir casas, comprar motorizadas, bicicletas, celulares... E teve sucesso internacional: um comprador da África do Sul fica com uma parte da mercadoria e exporta para a Europa; em 2007, os artesãos levaram peças para uma feira internacional no Maputo. Um êxito e quatro mil dólares, a terceira maior receita bruta da feira.
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Afastar os elefantes.
O piripiri pode ser uma arma contra os elefantes. Há um problema para os agricultores de Bilibiza, no interior da província de Cabo Delgado, 200 quilómetros a norte de Pemba, e das aldeias vizinhas: os elefantes e os macacos destroem grande parte das culturas, porque homem e animais ocupam o mesmo espaço. Com a criação do Parque Nacional das Quirimbas, em 2001, cerca de 250 mil pessoas (60 mil famílias) ficaram sujeitas a regras mais estritas de relação com o ambiente. Truque para evitar o flagelo provocado pelos animais: cultivar piripiri junto das plantações agrícolas. "Sabemos que o piripiri provoca irritação nos elefantes", diz Lebreton Saah Nyambe, camaronês, técnico de desenvolvimento rural, há cinco a trabalhar com a Fundação Aga Khan em Pemba.Contudo, o piripiri não é solução definitiva. "O único sucesso é a produção em bloco", machambas colectivas vigiadas rotativamente pelos agricultores da aldeia. Para afugentar os elefantes basta fazer barulho. Assim, a vigilância por turnos permite atenuar o problema. Com os macacos, é mais fácil: depois da escola, as crianças entretêm-se a lançar-lhes pedras.
A introdução de culturas mais precoces é outro caminho. O milho de ciclo curto pode colher-se em 90 dias, antecipando a chegada dos animais à procura de água e comida. Hoje, as machambas colectivas envolvem já 21 mil famílias, o objectivo, até 2010, é chegar às 25 mil. Em 2001, começou-se com dez aldeias, hoje há 147 a participar neste projecto.
Bilibiza mantém o céu em estado puro. As estrelas afagam-nos o olhar. Mas a vida é dura, secas extremas e inundações destrutivas são problemas frequentes.
Para produzir riqueza, também a criação de gado caprino é apoiada. Desde Outubro de 2002, em 40 aldeias, a fundação entregou três cabritos, duas fêmeas e um macho, a dez famílias por aldeia. Cada uma das famílias beneficiadas deu depois outros três cabritos a novas famílias. Os 600 cabritos entregues transformaram-se em mais de 1700 cabeças. Do mesmo modo, é incentivada também a conservação das culturas em celeiros.
Na Escola Agrária de Bilibiza há alunos a concluir a debulha do milho. Esta segunda campanha deverá dar dez a quinze toneladas de milho, talvez para o ano a escola já possa vender excedentes. A escola é uma das instituições que começou a trabalhar com o programa Pontes para o Futuro, criado pela fundação em 2006. São duas as componentes: apoiar a liderança emergente através de bolsas de estudo (154 já atribuídas, em áreas como a agricultura, saúde materno-infantil, ensino, turismo, informática, contabilidade, gestão) e o fortalecimento institucional.
Sifer Rodrigues, bolseira de 18 anos, no 3º ano da escola, está a acabar um relatório sentada na cama - a maior parte dos 550 alunos estão em regime de internato, só vão a casa nas férias. Recebe 200 meticais (cerca de seis euros) de bolsa por mês. "É muito, permite ajudar a família, posso comprar sabão..."Marcelo Soverano, 39 anos, responsável do programa Pontes para o Futuro, diz que o desafio é transformar agora a escola básica numa escola média (equivalente aos 8º, 9º e 10º ano de escolaridade), melhorando ao mesmo tempo as estruturas para os estudantes.
- Continua acima... - (extraído de PÚBLICO.pt - 06.07.2008 via Moçambique Para Todos.)

6/05/08

Crueldade contra os animais, cantora Alaska, touradas, elefantes e o dia mundial do meio ambiente...

(Imagem original daqui.)
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Segundo o Blue Bus de hà instantes, "O grupo PETA, People for the Ethical Treatment of Animals, lançou mais uma de suas campanhas contra a crueldade com os animais - e é mais uma a recorrer à nudez. Desta vez, condena as touradas, tradição espanhola, e mostra a cantora Alaska, sucesso no país. Nua, tem nas costas as 'banderillas' que os toureiros espetam nas costas dos touros para enfraquecer o animal por conta da perda de sangue. O anúncio coincide com uma ação dos toureiros espanhois no Parlamento Europeu, em Bruxelas - um esforço para influenciar positivamente os politicos."...
Práticas "tradicionais" como essa que maltratam e matam animais são infelizmente comuns não só em Espanha, como em Portugal e no México perante o deleite de muito "boa-gente" e justificadas como essenciais para conservar folclóricos, arcaicos e desumanos costumes. Devem ser condenadas, denunciadas e combatidas como algo pernicioso que alimenta e leva a um mundo emocionalmente violento, protesto que, desta feita, conta também com a participação polémica mas útil da bela Alaska.
Mas o tema faz recordar e repensar, a propósito, outras crueldades em outros animais pelo mundo adiante (luta de galos, etç.) e em recantos como África do Sul ou Moçambique, onde, por exemplo e com justificativas(?) ambíguas, se matam elefantes acuados em seu meio ambiente invadido pelo crescimento desorganizado de populações e prejudicado pelo desmatamento inconsequente, irresponsável, criminoso que aproveito para realçar já que hoje é também "Dia Mundial do Meio Ambiente".
  • Leia também, porque, entre outras coisas, 'fala' do respeito que deveremos ter como seres pensantes, presumidamente inteligentes, pelos animais - Nicolle Zilli em Adorável Mundo Animal !

4/23/08

Conflito homem/animal em Cabo Delgado: Se um elefante africano incomoda muita gente, um ser humano incomoda muito mais!

Acabo de ler na edição digital do Notícias-Maputo que criculará esta manhã em Moçambique:
Conflito homem/animal em Cabo Delgado-Intensificam-se medidas para o seu estancamento.
Estão a multiplicar-se em Cabo Delgado, esforços visando minorar os efeitos decorrentes do conflito já declarado entre o homem e a fauna bravia, da qual se destaca o elefante. Tanto as autoridades da Agricultura como do Parque Nacional das Quirimbas pretendem, a breve trecho, lograr uma saída airosa que não prejudique nem as populações, por via da perca das suas vidas e destruição dos seus bens, entre os quais, as machambas, nem a necessidade de preservação.O conflito atingiu níveis em que o Governo provincial entende tratar-se de um assunto transversal, tocando a quase a totalidade dos sectores, sendo obrigatório que todos lutem por encontrar soluções, pelo que as propostas de medidas práticas vem as catadupas.
Na verdade, segundo o director provincial da Agricultura, em Cabo Delgado, Oliveira Amimo, não constitui dúvida para ninguém que a vida humana é a prioridade número um para todo o cidadão moçambicano, sendo por isso que deve ser protegida de todas as formas e sem reservas.
“A província de Cabo Delgado tem sido alvo e palco de conflitos cada vez mais crescentes, entre o homem e a fauna bravia, nos quais, infelizmente são várias as vidas humanas que são perdidas, sem falarmos dos avultados bens que são destruídos pelos animais, destacando-se o elefante, leão, crocodilos e os macacos”... ...
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E continua o articulista mais à frente:
...É no quadro dos esforços em curso visando diminuir o impacto que o conflito tem na sociedade, que decorreu recentemente um curso de caçadores comunitários(?), envolvendo 48 elementos, à razão de três por distrito, que já vinham com algum conhecimento da actividade.
A ideia foi que os caçadores fossem formados não para irem matar, no sentido linear do termo, mas como agentes integrantes da gestão dos recursos naturais, capazes de analisar a gravidade dos conflitos no terreno, que tenham alguma noção sobre a Lei de Floresta e Fauna Bravia, comportamentos dos animais considerados problemáticos, métodos de afugentamento de animais bravios, técnicas de abate, entre outras.
Dirigido pelo conhecido caçador profissional, o português, Manuel Carona, o curso terminou com aulas práticas de carreira de tiro e um trabalho de campo, tendo sido o distrito de Palma escolhido, onde está em curso um conflito corporizado por uma praga de leões que atacam as pessoas.
Manuel Carona, em resposta ao nosso jornal, negou que a formação daquela quantidade de caçadores significasse uma ameaça que acabaria com o extermínio da fauna, que deve ser conservada à luz dos objectivos do governo, porque úteis para o desenvolvimento das próprias comunidades e do país em geral... ... (leia o texto integral aqui !)
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Em resumo e lendo o texto, entende-se que, as autoridades responsáveis em Cabo Delgado, depois de apresentarem os elefantes e outros animais como inimigos perigosos para o ser humano agirão, como afirmam com um tom beatificante, quase piedoso, para não dizer cínico:
- “ Por isso, para matar um elefante, por exemplo, só depois de ter a certeza de que se trata do animal problemático do grupo, digamos, muitas vezes chefe, e também termos a certeza de que ao atirar o matamos sem falha. Porque se matamos um que não era o chefe do grupo nem problemático, eles voltarão a fazer as mesmas coisas, com a sua estrutura ainda intacta. Se atiramos contra um elefante e não o matamos, ele fica com a bala no corpo e torna-se cada vez mais inimigo do homem e destrói tudo o que estiver à sua frente. Digamos, está zangado com todos”.
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Pois é!...Que acredite quem quiser! E acrescento:
Pesquisando na net, por convicção formada afirmo, se um elefante incomoda muita gente, um ser humano incomoda muito mais.
Quase 23 mil elefantes foram exterminados por caçadores clandestinos no ano de 2006.
A estimativa baseia-se na apreensão de 27 mil quilos de marfim em agosto de 2006, que segundo especialistas de mercado, constituem apenas 10% do contrabando feito naquele ano.
Enquanto especialistas se preocupam com uma possível extinção de algumas espécies, países como China, Japão e Singapura estimulam o mercado negro de dentes de elefante, fazendo demandas cada vez maiores de marfim – a serem transformados em jóias e "hankos", uma espécie de carimbo comum no Leste Asiático.
A extração de marfim foi considerada ilegal em 1989, quando um tratado da Organização das Nações Unidas (ONU) declarou boicote ao comércio de dentes de elefantes. O autor do estudo que analisa a atual situação dos elefantes na África, Samuel Wasser, da Universidade de Washington, diz que está preocupado:
"Nos oito anos que precederam o tratado, metade da população dos elefantes africanos já tinha sido aniquilada. Agora o estado é crítico, porque eles são poucos e a caça está aumentando. Para piorar, a população esqueceu do assunto".
Wasser se refere ao alarde que as organizações ambientais e especialistas fizeram nos anos 80, que incentivou o boicote.
Segundo o estudo de Wasser, o boicote foi efetivo nos primeiros anos, principalmente porque as nações ricas financiavam o policiamento das áreas e a apreensão de caçadores clandestinos. Mas nos anos que se seguiram, os fundos foram sendo cortados e os países interessados em marfim foram encontrando brechas no tratado.
Resultado: hoje, o contrabando de dentes de elefantes é comparado ao tráfico de drogas na Ásia.
E se a venda do marfim é proibida na África, fora do país ela não é. Chegando no Japão ou na China, ele é legalmente comercializado – os dois países conquistaram o direito de se tornarem "parceiros no comércio de marfim". Dados do estudo de Wasser também apontam que os contrabandos têm outro destino além da Ásia: os Estados Unidos. (Isadora Marinho)
O ser humano entretanto, reproduz-se de maneira absolutamente desordenada e ocupa de modo destrutivo e rápido todo o espaço à nossa volta que, como sabemos, é limitado e finito.
Há sim que responsabilizar e colocar nos eixos a população humana, que está destruindo o planeta muito mais rápido que milhares de manadas de elefantes.
Quem sabe, como li algures, delatando o extermínio dos elefantes nos lembremos e preocupemos com o extermínio de nosso próprio planeta!
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Para terminar:
Memória de elefante.
E se um dia a natureza pedir contas por todas as maldades que lhe fazemos?
Esta pergunta já inspirou livros e filmes de terror. Mas há muito que deixou de ser ficção: há elefantes que não perdoam, não esquecem e se vingam.
George Tergat estava a sair da escola quando viu uma manada de elefantes entrar pela aldeia. Eram animais jovens. Atacavam as casas, reduzindo-as a um monte de palha e adobe. As pessoas fugiam, gritando. Também ele correu. Pareceu-lhe – tinha quase a certeza – que um pequeno paquiderme corria na sua direcção e, até, que o perseguia. Todavia, como era hábil, conseguiu esquivar-se. No refúgio, lembrou-se dos tempos em que acompanhava o pai nas caçadas: Depois de matar um elefante, retiravam-lhe o marfim, a carne, os ossos, a pele e até o pêlo.
Estariam os paquidermes a vingar-se?
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A revolta dos elefantes.
Uma equipa de cientistas e biólogos de vários países estuda o comportamento dos elefantes no Quénia. Observaram que os que não estiveram em contacto com os humanos durante décadas são tolerantes e sociáveis. Quanto aos exemplares de comportamento agressivo, descobriram que eram órfãos e que os pais foram mortos por caçadores. Concluíram, então, que os elefantes sofrem de «stress» pós-traumático por assistirem ao extermínio dos parentes ou de outros membros da manada.
Todavia, o que mais os maravilhou foi a constatação de que os elefantes se lembram de quem fez o mal e não perdoam. «Conhecidos por terem boa memória, os elefantes guardam recordações e, no caso de serem más, não perdoam e podem vingar-se», concluem os investigadores no estudo que publicaram na revista norte-americana «New Scientist».
Os cientistas suspeitam, mesmo, que esse sentimento de rancor e desconfiança em relação à raça humana se transmite de geração em geração.
A revolta dos elefantes também acontece noutro país africano, o Uganda, e os ataques destes animais repetem-se na Índia, pelo mesmo motivo.
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Predador sem piedade.
Os humanos são criminosos que deixam pistas. Provas arqueológicas confirmam que a extinção dos elefantes se deve à caça praticada pelos humanos e não por alterações do clima.
Há um milhão de anos, os paquidermes movimentavam-se por todo o globo. Mas, quando os humanos migraram de África para povoar o resto do mundo, caçaram os elefantes até à extinção na Europa, América e Oceânia.
As provas do crime foram estudadas pelo arqueólogo norte-americano Todd Surovell e pelos seus colegas. Visitaram 41 locais arqueológicos nos cinco continentes. Os vestígios encontrados vão desde 1,8 milhões de anos até há dez mil anos. E mostram que elefantes e humanos viveram juntos nos mesmos locais e que só estes últimos sobrevivem na Terra inteira.
Actualmente, restam entre 30 e 50 mil elefantes na Ásia, dos quais 20 mil na Índia, e 250 mil nas zonas tropicais de África, sobretudo no Uganda, Tanzânia e Quénia. Neste último, o número de paquidermes diminuiu de 167 mil em 1970 para 16 mil em 1989. Em 1990, o comércio do marfim foi proibido e, desde então, o número destes animais elevou-se a 25 mil.
In "Audácia - Revista eletrónica"
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Outros post's deste blog sobre o mesmo tema:

4/19/08

The Elephant Song - Lição para os homens que não gostam de elefantes...

(Imagem original daqui)
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Enquanto em África o elefante e o as animais da selva são desrespeitados, mortos em seu habitat natural, Eric Herman, cantor-compositor de músicas para jovens canta sobre elefantes e outros animais para estimular a imaginação e o amor das crianças pelos bichos da floresta, pela vida.
O vídeo foi criado pela sua mulher, Roseann, com a ajuda da sua filha de três anos, Becca.
Bela lição que pode acompanhar aqui:
(Para evitar sobreposição de sons, não esqueça de "desligar" a rádio "ForEver PEMBA.FM" no lado direito do menu deste blogue.)
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Outros post's deste blog sobre o mesmo tema:

E o portal do Eric Herman:

3/26/08

Balanço dos três anos da instituição do Parque Nacional da Quirimbas.

(Imagem original daqui)
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No terceiro ano desde a sua instituição:
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COMO VAI O PARQUE NACIONAL DAS QUIRIMBAS ?
As autoridades do Parque Nacional das Quirimbas continuam insatisfeitas face à continuação da prática de acções ilegais no interior do mesmo, por operadores florestais e de fauna bravia, exploradores fora-da-lei dos produtos pesqueiros, assim como por causa da morosidade da parte do juízo de execuções fiscais no tratamento das multas aplicadas e retorno do 50 porcento consignados aos intervenientes, para o que clama por uma melhor coordenação com a autoridade tributária.
Já no seu terceiro ano, desde a sua oficialização, o Parque Nacional das Qurimbas, localizado nos seis distritos centrais da província de Cabo Delgado, envolvendo uma área aproximada de 7.506 quilómetros quadrados, vai gerindo os conflitos que já se anteviam tendo em conta a sua especificidade.
Só o facto de 5.984 quilómetros quadrados pertencerem ao continente e os restantes 1.522 serem habitantes costeiros e marinhos, tendo dentro de si 11 ilhas, é por si, indicador, provavelmente, da razão por que tem que ser preservado, apesar das dificuldades que nestes primeiros anos está a encontrar.
Trata-se de defender as ilhas e a faixa litorânea que são constituídas por rocha costeira e têm origem recente, tendo sido formadas durante o período Terciário por meio de levantamentos ao longo da plataforma continental. Nas próprias ilhas há a tendência para a acumulação de areia ao longo do lado ocidental e daí resulta a maior parte das praias utilizáveis.
A maioria das ilhas não tem água doce, com a excepção de Ibo, Matemo e Quirimbas, por serem suficientemente grandes para manterem uma camada de água doce sobre a camada do lençol freático salino.
O Parque contém uma diversidade de habitates marinhos numa área relativamente pequena, que inclui as florestas de mangal do Ibo e Matemo, os tapetes de ervas marinhas, na desembocadura do rio Montepuez, bem como na área entre as ilhas de Ibo e Matemo, na baía de Quipaco e no espaço a ocidente das ilhas de Quisiwe e Mefundvo.
Há por outro lado, o recife de coral que se estende ao longo de todo o Arquipélago, até para lá dos limites do parque, junto a uma fauna marinha que é conhecida pela existência de pelo menos cinco espécies de tartarugas marinhas que visitam a área e uma delas é dada como nidificando na área do parque. Dungongos, cerca de 140 espécies de moluscos, 375 de peixes e tanta outra riqueza por baixo da agua do mar. E na parte continental?
Na verdade, matas costeiras, savanas ribeirinhas, prolongados mosaicos de um tipo de vegetação que varia não só de acordo com a elevação, distância da costa, como dependente das características do solo e água, mas também conforme o impacto humano sobre estes recursos.
A região do Parque é tida como prioritária para a fauna e nela foram identificadas três rotas importantes de migração de elefantes que atravessam a área e abundam diferentes espécies de animais, desde cudos, fococeros leões, hienas e numerosas aves de rapina.
Ora, em Outubro do ano passado já havia a informação de que a exploração ilegal dos recursos naturais no interior do Parque Nacional das Quirimbas (PNQ), que abarca os já citados seis distritos de Cabo Delgado, designadamente, Quissanga, Ibo, Meluco, Macomia, Pemba-Metuge e Ancuabe, continuava a inquietar as autoridades daquela que hoje já se afirma como instituição a ter em conta na conservação e preservação do ambiente naquele ponto do país.
Dados disponíveis indicavam que em três meses haviam sido apreendidos 469 toros de madeira, 1.604 barrotes, 179 tábuas, 46 pranchas e, em consequência desse comportamento fora-da-lei, aplicadas multas a 7 operadores, avaliadas em cerca de 527 mil Meticais.
Na altura em que o nosso jornal começou a reunir estes dados, já ficava descriminado que se tratava de 178 toros de pau-preto, 152 de pau-ferro, 123 de jambire e 16 de muanga, em mãos de operadores no interior do parque. São, na verdade, de agentes singulares de exploração de madeira, com licenças simples de exploração florestal, passadas pelos serviços respectivos na Agricultura, que acabam invadindo as áreas de conservação.
Com a empresa /Pacific International /, por exemplo, haviam sido encontrados 23 toros de jambire, já na vila-sede do distrito de Ancuabe e pela infracção, sido imposta uma multa de 86.020,00 MT, no mesmo lugar onde foram apreendidos mais 24 toros da mesma espécie, desta feita pertencente a /Mozambique Tienhe/, razão porque havia sido multada em 78.500,00MT.
A multa mais avultada encontrada pela nossa reportagem fora recair ao operador florestal Costa Ferreira, na aldeia Muaja, ainda no interior do distrito de Ancuabe, onde havia depositado em instância 25 toros de pau-ferro e 8 de jambire. A fiscalização do parque determinou que pagasse ao Estado, pela infracção, 250.999,00 MT.
José da Silva Mucavele, por sua vez, iria pagar por ter sido surpreendido com 34 toros de jambire, igualmente em Muaja, cabendo-lhe a multa no valor de 41.000,00 MT e o seu colega, José Vidyoko Kalamuka, da aldeia Napuda, já no distrito de Quissanga, pagaria 70.500,00 MT, por haver sido encontrado com 537 barrotes e 7 tábuas.
A /Kodak Professional Center/, é igualmente uma empresa madeireira, que pelas mesmas razoes teve de ser multada em 108.000,00 MT, em Biaque, distrito de Ancuabe, mesma divisão administrativa onde Khaeronissa Daudo enfrentaria uma multa de 125.500,00 MT, este na área conhecida por Rapale.
Todos estes processos, segundo apurou o /notícias/ haviam sido remetidos ao juízo das execuções fiscais, mas as autoridades do Parque Nacional mantinham o alarido decorrente da contínua violação dos recursos naturais que se pretende proteger.
Interessante porém, é o facto de muitos destes processos continuarem, desde meados do ano passado, à espera do seu veredicto e o destino do produto apreendido estar dependente do desfecho, havendo em alguns casos, apreensão de meios circulantes.
Ancuabe é o distrito onde os furtivos se sentem mais à vontade do que em todos outros pertencentes ao Parque Nacional das Quirimbas. Dados colhidos pelo nosso jornal, indicam que este distrito sozinho chamou à si infracções que resultaram na apreensão de 883 toros de diferentes espécies, mais 387 barrotes. Em contrapartida, Macomia, Pemba-Metuge e Meluco, disputam 680 barrotes e 122 tábuas apreendidas.
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ASSUNTO QUE NÃO É PARA JORNAIS.
O nosso jornal quis ouvir o comentário da Direcção de Execuções Fiscais, área de Pemba, em relação às lamentações do Parque Nacional das Quirimbas, sobre a alegada morosidade, da sua parte, quanto à resolução dos diferendos que opõem aquela instituição estatal e os exploradores ilegais de madeira.
A directora Helena Damas começou por dizer que não estava autorizada a falar para a imprensa e que na sua opinião não se tratava de assunto que fosse levado a debate em jornais, alegadamente por o funcionamento do Tribunal obedecer a regras que podem não agradar aos queixosos, neste caso, o Parque.
Helena Damas foi, entretanto, explicando ao nosso jornal que /não é de hoje para amanhã que se resolve um contencioso, tendo em conta que há também recursos que se podem interpor, obedecemos a prazos, são assuntos que envolvem muitos interesses. Os processos estão a seguir os seus trâmites.
Para Damas é estranho que o assunto tenha saído para o público sem que o Parque das Quirimbas sequer se tenha aproximado à Direcção de Execuções Fiscais para se aperceber do que está a acontecer com cada um dos processos à si remetidos.
Há aqui processos de mais de quatro anos, simplesmente porque a sua resolução leva tempo, precisamos de ser cuidadosos, tanto é que, nalguns casos, há aqueles cujos presumíveis infractores não pertencem a esta área fiscal e aí precisamos de trocar correspondência com a área congénere, aclarou.
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A PRESSÃO EM TERRA, NO MAR E CURIOSIDADES...
Para além da acção ilegal de exploração madeireira, conforme as autoridades do PNQ, nota-se uma grande pressão de caça furtiva protagonizada pelas comunidades locais, usando instrumentos proibidos, sendo que, nos últimos três meses do ano passado haviam sido desactivadas e destruídas 195 armadilhas, 71 cabos de aço e 381 laços, com particular incidência nas aldeias Napuda, distrito de Quissanga, Mitepo e Tipamoco, em Meluco.
Nos armazéns do Parque Nacional das Quirimbas há arcos e flechas armazenados, capturados na via pública onde são vendidos a novos candidatos a caçadores furtivos, assim como a turistas e outros compradores que as usam nas cidades como instrumentos eficazes para se defenderem dos ladroes nas suas próprias casas.
Entretanto, curiosa foi a atitude do governo distrital de Macomia, que sem ter coordenado com as autoridades do Parque, se envolveu no que hoje é qualificado como abate ilegal de animais, facto que soubemos ter sido notificado ao governador provincial. Tratou-se duma palapapa, abatida em Napala, zona no interior do parque, por isso estritamente protegida.
Em Namaluco, distrito de Quissanga, a população não quer entregar as pontas dum elefante que se considera ter morrido por causas desconhecidas, exigindo para isso uma compensação no valor de 50.000,00 MT. O Parque, perante tal realidade, nada mais fez do que escrever uma carta ao governo do distrito, que ainda não reagiu. Tal relutância não aconteceu em Pemba-Metuge, onde se confirma ter morrido um outro elefante, em iguais circunstâncias, na aldeia de Mareja.
Estes factos são o dia a dia das regiões no interior do Parque, pois na verdade, segundo reconhece o seu administrador, José Dias, o conflito homem/animais bravios é uma das questões mais criticas na parte terrestre do parque, onde se registam danos nas machambas e ataques a pessoas.
O gráfico que fala das incursões dos paquidermes é elucidativo: foram 398 no ano passado. Uma descida significativa, se se tiver em conta que em 2006 haviam sido registadas 933, do que resultou, então, na morte de 8 pessoas, contra 6 de 2007.
Fomos informados que o Parque está neste momento a fazer um levantamento das distâncias que separam as aldeias ao longo das estradas principais, com o objectivo de definir áreas para a passagem de animais, nas quais terão que ser proibidos o estabelecimento de novas aldeias ou abertura de novas machambas.
O que se pretende agora é alargar as machambas ou aldeias mais para o interior e não ao longo da estrada, justificam as autoridades do PNQ, ao mesmo tempo que se está a estudar a nível do Governo Provincial, doadores, sector privado e comunidades locais, a possibilidade de serem introduzidas vedações eléctricas nas áreas propostas para a conservação e turismo.
Há esforços tendentes a controlar a pesca artesanal a partir de um censo que inicia em Junho próximo, visando à actualização dos dados referentes à situação geral das unidades de pesca existentes e suas características, número de pescadores envolvidos, artes e outros aspectos que se consideram importantes, bem como, ainda se pretende melhorar o controle com uma proposta de um censo semestral.
Regista-se o envenenamento dos cursos de água por pescadores ao longo do rio Montepuez, usando pesticidas. Dois acampamentos com 17 pescadores ilegais foram destruídos, apreendidas duas redes mosquiteiras e retirada de três embarcações.
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TURISMO COMUNITÁRIO.
A proposta é aliciante: implementar um turismo sustentável e de alta qualidade no Parque Nacional das Quirimbas. Ao mesmo tempo se pretende que o turismo comunitário faça com que os rendimentos familiares dupliquem ou tripliquem em todos os meses.
Na Ilha do Ibo, desde Fevereiro do ano passado que foi operacionalizado o turismo comunitário. Quando quisemos saber dos resultados, obtivemos a seguinte resposta:
Três casas a receber hóspedes e um quarto reabilitado, a associação do turismo comunitário de N´lamba ficou registada ao nível distrital para desenvolver actividades e serviços turísticos, havendo ainda perspectivas de alugar duas a quatro casas para o desenvolvimento de actividades turísticas, como sejam, passeios, saídas, transportes, actividades culturais...
Na verdade, o rendimento proveniente do aluguer dos quartos nos dá a sensação de que há seriedade no tratamento deste tipo de turismo. Em 137 noites vendidas, soubemos que houve ganhos na ordem dos 35.250,00 MT, dos quais 21.150 foram para as donas de casa e 10.575 para o fundo comunitário e 3.525 para a administração.
Em Muagamula o comité de gestão dos recursos naturais de Ningaia tem a responsabilidade quase total. Com dois guardas que trabalham em turnos e para a manutenção e limpeza do sitio de acesso, mas sobretudo para controlar as entradas, que estão fixadas em 50MT para estrangeiros e 25 para os nacionais.
As entradas de turistas no acampamento nos meses de Julho, quando o controle começou, até Novembro, apenas 84, nos informam terem sido colectados 4.200,00 MT.
Em Meluco-sede está a ser reabilitada a pensão Ana Maria para oferecer alojamento básico e estão em formação três guias para passeios nas montanhas e nos arredores e se perspectiva a observação de elefantes nas fontes de água e actividades turísticas, tais como a dança e comida tradicional.
Em Namau, distrito de Pemba-Metuge, está em construção uma ponte-passadeira para a observação do mangal, ao mesmo tempo que está em construção uma casa de hóspedes.
Os ganhos sociais vão ainda muito longe com a atribuição de bolsas de estudo a 30 alunas no distrito considerado piloto de Macomia, na tentativa de incentivar a rapariga a continuar a estudar, sendo elegíveis aquelas que completam a quinta classe e que vivem nas aldeias que se separam a mais de 5 quilómetros duma escola primária do segundo grau. Só uma não conseguiu chegar ao fim do ano passado com bom aproveitamento.
Da mesma forma, continua a construção de uma escola com duas salas de aula, usando material convencional, na aldeia Darumba, posto administrativo de Mucojo, ainda no distrito de Macomia, numa colaboração entre o PNQ e a Direcção da Educação no distrito. Em fase de conclusão está ainda a escola de Mefundvo, que devido a problemas de supervisão está a demorar.
Pedro Nacuo - Maputo, Quarta-Feira, 26 de Março de 2008:: Notícias
  • Diversos post´s deste blog sobre as Ilhas Quirimbas, Pemba, Ibo, temas históricos, tradicionais, etç. - Aqui !

3/04/08

A chacina dos elefantes está legalizada na Républica da África do Sul...

(Clique na imagem para ampliar. Imagem original daqui)
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É ! Na vizinha África do Sul está práticamente aberta a "temporada de chacina" dos elefantes.
A pretexto dos inconvenientes gerados pela superpopulação oficializa-se o assassinato puro e simples destes animais quando, actualmente, todas as espécies de elefantes são considerados como espécies em perigo de extinção, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (UICN).
Se a "moda" pega, quem sabe um dia destes e a ensejo dos problemas ocasionados pelo ser humano ao planeta terra, ecológicamente falando, em consequência também da crescente superpopulação humana na Ásia, África, América do Sul ou em qualquer país do terceiro mundo, não aparecerá algum governo liderado por ditadorzeco populista oficializando e ditando o mesmo procedimento para com o ser humano?... Imaginem a "manchete":
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- O governo tal anunciará amanhã que permitirá o sacrifício de seres humanos a partir de tal mês... Segundo o ministro fulano de tal, o sacrifício é necessário para controlar a população de seres humanos e reduzir o impacto destruidor à natureza que o mesmo ser humano vem causando com sua falta de educação ecológica, ambição, egoísmo... ... ... e aí por diante !
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Afinal, a distância conceitual e de procedimento é curta.
Pois aqui transcrevo como lembrete, a aberrante "notícia" sobre o assunto, produzida no diário Notícias-Maputo de de 29Fev2008:
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""AMBIENTE - RAS abate elefantes
O governo sul-africano anunciou na última segunda-feira que permitirá o sacrifício de elefantes no país a partir de 1º de Maio. Segundo o ministro do Ambiente e Turismo da África do Sul, Marthinus Van Schalkwyk, o sacrifício é necessário para controlar a população de elefantes no país.
Esta será a primeira vez que o governo permitirá a matança dos animais desde que o sacrifício foi proibido, em 1995. Há estimativas de que o número de elefantes aumentou de 8 mil para 20 mil animais desde o fim dos sacrifícios.
No comunicado, o ministro afirmou ainda que a prática será permitida apenas em último caso e que o governo adotará outras técnicas para o controle da população de elefantes, como o uso de contraceptivos e o transporte de animais para áreas menos habitadas.
De acordo com Van Schalkwyk, o sacrifício será adotado apenas depois de várias considerações "com todas as opiniões consultadas", afirmou.
A população que reside em regiões próximas de onde vivem os elefantes reclamam que os animais são perigosos, comem as frutas e competem com os humanos para beber água.
No comunicado desta segunda-feira, o governo sul-africano afirmou que está ciente de que a decisão vai causar "emoções fortes" e despertar a oposição de ativistas de direitos dos animais.
Apesar disso, o ministro afirmou que "o equilíbrio da biodiversidade e as pessoas que vivem próximas dos elefantes" também precisam ser consideradas.
A ONG de direitos dos animais Animal Rights Africa afirmou que os elefantes têm habilidades cognitivas bem desenvolvidas e são alertas sobre o espaço. "Quanto mais parecidos conosco precisam ser os elefantes para que matá-los seja considerado assassinato?", questionou a ONG em um comunicado divulgado antes do anúncio do governo.""
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Finalizo que seria de bom tom e como exemplo educativo para novas gerações buscar, para o equilíbrio da natureza, social e outros, alternativas pacíficas, sem violência nem abate puro e simples de qualquer ser vivo. Tais alternativas são possíveis assim exista sensibilidade, boa-vontade e apego ao planeta-terra. E, aliadas à ciencia moderna podem equilibrar o convívio elefante-homem e... homem-homem.
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1/14/08

Palma, em Cabo Delgado declara guerra aos animais...

POR VENTURA ALGUÉM JÁ INDAGOU OU TENTOU PESQUISAR O PORQUÊ DE OS ANIMAIS DA SELVA, NOMEADAMENTE OS ELEFANTES AFRICANOS, EXERCENDO SEU INSTINTO NATURAL DE SOBREVIVÊNCIA, PASSAREM A DESTRUIR AS CULTURAS AGRICOLAS E A HOSTILIZAR O SER HUMANO ?
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Palma - Cabo Delgado: Conflito Homem/animal ganha níveis calamitosos - Pedro Nacuo, Maputo, Segunda-Feira, 14 de Janeiro de 2008:: Notícias
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Cerca de 370 hectares de culturas diversas, entre as quais extensas áreas de palmar, cajueiros, mapira, mandioca e arroz, foram destruídas em Palma por elefantes e outros animais bravios, deixando sem sustento 836 famílias.
A acção dos animais naquele distrito setentrional está a tomar níveis de uma calamidade natural e o Governo distrital ainda não possui nenhum plano para socorrer as vítimas, embora reconheça que o conflito representa um dos mais persistentes problemas, que trava o bem-estar dos habitantes daquele ponto da província de Cabo Delgado.
Numa visita efectuada semana finda à Palma, constatou-se extensas áreas de palmar e de cajueiros destruídos, assemelhando-se à acção de um ciclone, sobretudo no posto administrativo de Quionga, com destaque para a sede e as aldeias de Namoto e Quirinde, onde famílias estão de braços cruzados depois da razia das suas culturas, provocada pelos animais bravios.
O elefante é apontado como sendo o mais destruidor.
Amade Issa, um dos residentes da sede do posto administrativo de Quionga, perdeu 310 coqueiros e 210 cajueiros. Trata-se de um dos cidadãos que representa apenas uma das 836 famílias estimadas pelo Governo distrital.
A vítima não esconde a sua total insatisfação, sobretudo por as autoridades não se mostrarem capazes de resolver o conflito nem de minorar a situação calamitosa em que se encontram as pessoas depois de verem os seus produtos arrasados pelos paquidermes.
“Eu estou a falar de 310 coqueiros, 10 hectares e 210 cajueiros meus que foram deitados abaixo por elefantes. Os animais destruíram ainda machambas de mapira e de mandioca. Não sei o que darei à minha família, composta por duas esposas e treze filhos”, disse.
Neste momento, conforme o nosso entrevistado, a população residente nas três regiões citadas vive de peditórios ou recorre à outras formas para conseguir algo para comer na vizinha Tanzânia.
O chefe do posto de Quionga, Francisco Kawawa, disse ter caminhado as preocupações ao distrito e as autoridades de Palma falam da estratégia local que consiste na criação de uma unidade de caçadores locais a ser estabelecida naquele ponto e ainda sobre algumas medidas tradicionais.
Kawawa confirmou que os elefantes atacam todos os dias a acrescentou que as estruturas já perderem a contagem das áreas cultivadas e que foram destruídas.
“O resultado imediato é a fome que enfrentaremos este ano, pois todo o esforço dos camponeses foi em vão. Localmente, a solução passa pela criação de uma unidade de caçadores e pelo recurso a métodos tradicionais, mas receamos que não sejam eficientes”, disse.
O chefe do posto ajuntou que os ataques agravaram-se em 2007, falando-se de muitos grupos de elefantes, embora sublinhe que os maiores estragos são responsabilizados a um paquiderme solitário.
Palma situa-se no extremo do país, junto à fronteira com a Tanzania, na zona de Cabo Delgado, que deu o nome àquela província e tem na agricultura como o principal sustento dos seus habitantes.

1/04/08

Moçambique, turismo e a ocupação desordenada do litoral de Pemba...

(Clique sobre a imagem para ampliar)
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Moçambique: Receitas do turismo atingem 160 milhões de dólares em 2007
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""""MacauHub - Maputo, Moçambique, 02 Jan/08 - As receitas do turismo em Moçambique em 2007 atingiram 160 milhões de dólares, um aumento de 3 milhões de dólares relativamente ao número de 2006, afirmou terça-feira em Maputo o ministro do turismo, Fernando Sumbana.
O ministro precisou que o número referido diz apenas respeito ao dinheiro gasto por turistas que em 2007 visitaram Moçambique, que deverão ter sido 1,1 milhões, um aumento signficativo face à média de 650 mil turistas em anos anteriores.
“Para além de turistas provenientes da África do Sul, Zimbabwe e outros países da região... ...""""

Acrescento
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É bom que se fale de turismo, que se divulguem Moçambique, suas belezas naturais, que se acentuem receitas crescentes ano a ano.
Moçambique sempre teve vocação turistica, desde os tempos coloniais. Portanto não é novidade.
Tardou demais para acontecer, mas é um início prometedor.
Há que reconhecer, entretanto, com humildade, que o turismo em Moçambique ainda se encontra em estado embrionário, quase rudimentar, muito aquém do potencial que o país possui e carente de bases sólidas de educação ecológica, ambiental que consolidarão e perpetuarão os atrativos naturais que tanto encantam quem visita Moçambique.
O turismo olhado a sério, com profissionalismo, aliado à educação e valorização ambiental, trará benesses para a economia moçambicana desencadeando desenvolvimento, modernização. Conduzido por profissionais do ramo, gerará postos de trabalho, melhorias sociais, etç., etç.
Faz alguns anos que vou acompanhando por afinidade Moçambique - Pemba, razão deste blogue.
Considero Pemba e todo o litoral de Cabo Delgado últimos (entre outros cada dia mais raros) paraísos/refúgios do nosso planeta globalizado, tão fustigado pelo destempero do ser humano na questão ecológica. E por isso merecedores de todo o cuidado, sobretudo por parte dos habitantes locais, maiores favorecidos se souberem zelar e fazer que respeitem este espaço do norte de Moçambique.
Aos poucos, o litoral de Cabo Delgado e seus recantos magníficos vão ficando reconhecidos e cobiçados pelos amantes da natureza, do imenso mar azul de Pemba e do calor dos trópicos. Normalmente vêm para conhecer, julgam e voltam trazendo novos passeantes abonados em euros e dólares úteis para a renovação e criação de infraestruturas turisticas e sociais planejadas, sustentáveis, de futuro e interesse geral da região. Ou que assim deveriam ser.
Pemba cresceu desde que deixou de ser Porto Amélia em 1975.
Tornou-se densa em população de várias origens e países vizinhos, algo cosmopolita, mercado a céu aberto informal, de lixo raramente recolhido em ruas mal conservadas e terrenos vazios, com meia dúzia de comerciantes predominando em algumas empresas mantidas desde o tempo colonial e também de pai para filho, com ruínas que florescem entre predios abandonados uns, sem pintura outros, mas que contam História que poucos escutam.
Paralelamente surgem aqui e ali insuficientes, esporádicas iniciativas e alguns empreendimentos atuais voltados para a sociedade local ou para turistas que aportam ao velho aeroporto e se abrigam de imediato em hoteis/resort´s voltados para o mar, desfrutando comodidades e iguarias amortizadas a preço internacional salgado, indiferentes ou desconhecendo a penúria, mendicância e outras negligências sociais envolvendo uma população numerosa, forçosamente impelida para bairros simples, humildes que vão proliferando, ocupando e ampliando desordenadamente o contorno da cidade de Pemba. Uma Pemba que continua crescendo, crescendo, sem ordem, sem saneamento básico, invadindo as fronteiras da vida da selva que expulsa, se revolta e hostiliza os invasores (caso dos elefantes abatidos por atacarem a população)...
Vêm também notícias preocupantes de que o crescimento urbano intenso e desorganizado à volta desses que deveriam ser redutos ou templos ecológicos sagrados a respeitar, está a descaracterizar, a aniquilar a beleza das praias de Pemba, substituindo o espetáculo da natureza sadia pelo cimento de construções de todo o tipo, muitas inadequadas, sem regras ou respeito a normas de saneamento, padrões urbanisticos adequados, loteadas mercantilmente a particulares e turistas para férias.
As consequências já se vão notando, segundo nos contam: lixo, mendicância, poluição das águas, áreas verdes escassas, cólera, assaltos em plena rua, etç....
Há que despertar a municipalidade da apatia cómoda e complacência perante esse tipo de "progresso" sem planejamento.
Há que educar a população a acarinhar e cuidar da natureza de Pemba.
Esta é a riqueza e o "tesouro-escondido" de Pemba...a tal jóia rara ! Não se pode perder pela irresponsabilidade e ambição.
O turista vem pela beleza natural de Pemba, de seu clima, de sua geografia visualmente despoluida, de seu povo hospitaleiro, de sua História, de sua tradição, folclore, do seu mar azul transparente e límpido... E só continuará chegando a Pemba e arredores se tiver a certeza que tudo isso continuará existindo, preservado, melhorado, sem o constrangimento da brutalidade do concreto firmado no reino encantado das areias brancas da sempre bela praia do Wimbe quase abraçando a Maringanha do velho farol !

11/23/07

Elefantes - Espécie em extinção ?

(imagem daqui)

Apreendidas mais de seis toneladas de marfim resultante de abate ilegal.
Maputo - Moçambique possui mais de seis toneladas de marfim guardados em vários armazéns a escala nacional.
Estas quantidades resultam da apreensão de marfim em Maputo, no sul do pais, Manica e Tete, no centro, bem como em Niassa e Cabo Delgado, províncias nortenhas.
O marfim em destaque foi armazenado na sequência da caça furtiva ao elefante.
De acordo com a autoridade administrativa da Convenção Internacional de Comercio de Espécies em Extinção (CITES) em Moçambique estas quantidades vão se acumulando porque o país não pode vender o marfim porque a sua comercialização é proibida.
Antes do banimento do comércio de marfim no mundo, em 1989, Moçambique vendia um quilograma deste produto a 116 dólares norteamericanos (ao cambio daquela altura).
O maior comprador era o Japão.
Sanções Mahanjane, da autoridade administrativa da Convenção Internacional de Comercio de Espécies em Extinção (CITES), disse que as mais de seis toneladas de marfim deviam ser colocadas num depósito nacional, uma vez que se trata de um produto que requer cuidados para não perder qualidade.
No ano passado foram roubadas quantidades não especificadas de marfim num armazém localizado em Cabo Delgado. A fonte revelou que os custos de transporte da mercadoria é que fracassaram a iniciativa de agrupar o marfim num único armazém.
A AIM apurou que, em 2005, o Governo conseguiu transportar marfim num armazém de Tete, Centro do pais, para Maputo, via aérea, operação que custou 180 mil dólares para 2.5 toneladas.
Outra iniciativa foi de transportar, por via terrestre, de Manica para Maputo.
“Estas quantidades resultam da confiscação da caça furtiva, morte natural do elefante, abate por este ser problemático, ou por conflito com o homem.
O marfim devia estar concentrado num único sitio mas por falta de meios para transportar ainda esta muito disperso”, disse a fonte da AIM.
Bonito Mahanjane contou que algumas pessoas interessadas apresentaram proposta de compra do marfim a nível do pais, reiterando a posição de que não deve haver abate ilegal de marfim e nem o seu comércio.
Mas tal proposta não foi aceite pelo Governo, que não concordou com as condições impostas pelos interessados, principalmente de destruir o marfim no país, tendo em conta o valor que representa para os moçambicanos.
A situação da acumulação de marfim se verifica também noutros países da região, com destaque para África do Sul, Namíbia, Botswana e Zimbabwe, uma vez que estes possuem uma população muito elevada de elefantes.
Estes quatro países da região decidiram, em 1989, continuar a comercializar o marfim, tendo exportado este produto depois do seu banimento.
Este banimento surgiu do facto de se ter verificado que o abate ilegal de elefantes estava a crescer e que punha em risco a extinção desta espécie.
Fátima Mimbire-AIM-Diário de Notícias, 22/11/07-n. 1027.

Alguns link´s com referências a marfim e elefantes: